O CAMINHO DO VINHO
Há um ditado que diz: “Com pão e vinho se faz o caminho”. Embora não se refira especificamente ao Caminho de Santiago, a verdade é que os peregrinos têm a oportunidade de provar excelentes vinhos em todas as rotas.
Se você é um “nariz de ouro” (sommelier) treinado ou se simplesmente gosta de descobrir variedades e sabores, lhe propomos um percurso pelo “Caminho do Vinho” – que inclui o Caminho Francês e o Caminho de Inverno – que o levará a algumas das Denominações de Origem (D.O.) mais apreciadas da Espanha. Claro: consuma com moderação e bom senso! No dia seguinte, quando a etapa começar, você agradecerá.
Rolhas abertas e copos levantados, vamos começar!
Um pouco da história do vinho no Caminho
Na Idade Média, o apogeu do Caminho de Santiago atraiu diversas ordens monásticas que se instalaram ao longo do percurso. Com eles trouxeram muitas coisas, entre elas a cultura do vinho, pois precisavam do vinho para a Eucaristia (embora também para usos mais recreativos). Ainda que já existisse vinho na Espanha desde a época romana, os seus conhecimentos técnicos e agrícolas e as novas castas trazidas de outras regiões da Europa foram cruciais para o desenvolvimento dos vinhos de que hoje falamos.
A nobreza também tinha vinhas próprias nas suas terras e até os mais ricos peregrinos europeus traziam cepas de seus países. Assim, especialmente no Caminho Francês, a rota mais movimentada naquela época (há coisas que não mudam), grandes áreas de vinha começaram a ser desenvolvidas sob a proteção destes mosteiros e castelos.
Caminho do Vinho: do Caminho Francês até Ponferrada
D.O. Navarra
Nas primeiras etapas do Caminho Francês entramos na terra dos vinhos D.O., neste caso o Navarra D.O., que você poderá provar já em Pamplona e por um longo trecho até entrarmos nas terras de Rioja. Os seus vinhos mais famosos são os rosés da variedade Grenache, combinados com outras castas, embora já há algum tempo produzam vinhos tintos de diferentes envelhecimentos, desde jovens a grand reserva, vinhos brancos à base de Chardonnay e vinhos doces de uvas Moscatel.
D.O. Rioja
Embora o Caminho coincida por poucos quilômetros com a zona D.O. Rioja, nenhum peregrino deixa de tomar pelo menos uma taça de um dos vinhos mais conhecidos e apreciados do mundo.
A casta mais utilizada e cultivada para vinhos tintos é a uva Tempranillo, embora as variedades Garnacha, Mazuelo, Graciano e Maturana tinta também estejam incluídas na D.O. Eles normalmente amadurecem em barricas de carvalho.
O bom do Rioja é que ele harmoniza muito bem com vários tipos de gastronomia graças ao seu caráter equilibrado. Há Riojas para todos os gostos, desde os mais jovens, com 1 ou 2 anos de maturação, mais leves e frutados, até os gran reserva, com 5 anos de envelhecimento entre barrica e garrafa. O Rioja branco, embora menos conhecido, também oferece vinhos de qualidade, à base de Tempranillo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Verdejo e outras variedades.
D.O. Tierra de León
A Denominação de Origem Tierra de León está localizada entre o Caminho Francês e a Vía de la Plata, e é zona de produção de vinhos há muito tempo. A casta mais característica desta D.O. é a nativa Prieto-Picudo para tintos, um nome que descreve o cacho (prieto, quase sem espaço entre as uvas) e a uva (terminada em bico). Semelhante ao Tempranillo, produz vinhos aromáticos, embora com menos cor e levemente frisantes.
Trabalham também com a uva Mencía, muito comum na Galícia. Para os brancos também têm a sua variedade nativa: Albarín. Quanto aos rosés, também têm como base Prieto Picudo ou Mencía. Além disso, as vinícolas estão localizadas em cavernas escavadas na rocha argilosa onde se cria um microclima ideal para a maturação do vinho.
D.O. Bierzo
El Bierzo é uma zona com um clima muito especial, protegida dos rigores do Atlântico, mas com um grau de humidade superior a outras zonas de Castilla y León. Os D.O. Bierzo são vinhos com terroir, ou seja, com características muito distinguíveis que têm a ver, precisamente, com as condições geográficas e climáticas da zona onde é produzido: se este vinho fosse produzido fora de Bierzo, seria muito diferente. A casta predominante nos vinhos tintos é a Mencía, e nos vinhos brancos, a Godello.
Outras uvas que se enquadram nesta D.O. são Garnacha Tintoreta e, das brancas, Palomino, Doña Blanca e Malvasía. Da combinação de todas estas castas, produzem-se vinhos brancos, rosés e tintos de diferentes envelhecimentos, desde jovens até grand reserva.
Entre os conselhos que os nossos carteiros dão aos peregrinos no nosso site, alguns se lembram destes D.O.s, e nos recomendam experimentá-los, visitar suas adegas e até mesmo nos dizem como harmonizá-los. É o caso do conselho de Javier González para a etapa que termina em Villafranca:
“Villafranca del Bierzo é conhecida como a pequena Compostela. Além dos seus monumentos, possui uma ótima gastronomia, com uma relação muito boa de custo-benefício e abundância, tanto na variedade como na quantidade de comida servida por prato. Recomendo experimentar os seus pratos da cozinha tradicional acompanhados de um vinho de denominação de origem “Bierzo”. Na localidade existem várias adegas que organizam visitas e têm lojas abertas ao público.
Javier González, Correios de Villafranca.
De vinhos pelo Caminho de Inverno
Ao chegar a Ponferrada pelo Caminho Francês, você terá a oportunidade de explorar uma das zonas vitivinícolas mais importantes da Galícia, desviando-se para o Caminho de Inverno e entrando na província de Ourense.
D.O. Valdeorras
Os D.O. Valdeorras são vinhos de altitude… literalmente, já que toda a área varia entre 300 e 700m de altitude. Os invernos são frios e os verões quentes e secos, mas por outro lado, a primavera e o outono (época da colheita) são amenos. Os vinhos brancos desta zona, geralmente elaborados com Godello e outras castas (Loureiro, Treixadura, Doña Branca, Albariño, Torrontés, Lado e Palomino) não são muito conhecidos fora da Galícia, mas juntamente com Ribeiro e Albariño, nestas terras, são os brancos por excelência.
Nos vinhos tintos predomina a Mencía, com outras variedades como Merenzao, Brancellao, Sousón, Garnacha, Negreda, Grao negro ou Tempranillo. Os tintos são suaves e frutados, com pouca acidez e altamente recomendados se o Rioja lhe parecer muito forte.
Interessante o conselho completo de Constantino Fernández, no qual não faltam elogios aos vinhos da Ribeira Sacra.
“Em A Rúa encontram-se inúmeros vestígios arqueológicos e variedade de estilos arquitetônicos em casarões e igrejas, entre os quais se destaca o átrio da Iglesia de San Esteban, onde se encontra uma placa romana de pedra em homenagem ao procônsul romano Lúcio Pompeu. A zona recreativa de O Aguillón com a Barragem de San Martiño é um espaço natural muito bonito, onde pode-se praticar esportes ou passear pelas margens do Sil com centenas de espécies vegetais e animais. Entre a oferta gastronômica da zona, recomenda-se provar os vinhos Valdeorras de Godello e Mencía, com denominação de origem própria, e se o peregrino quiser trazer uma garrafa para saborear no regresso à casa, nós a enviaremos da nossa agência dos Correos”.
Constantino Fernández, Correios de A Rúa.
D.O. Ribeira Sacra
A relação dos monges com a produção de vinho tem um dos melhores exemplos na Ribeira Sacra, atravessada pelo Caminho de Inverno. O seu nome provém dos inúmeros mosteiros que se estabeleceram nesta zona montanhosa do sul da Galícia, onde o rio Sil desagua num desfiladeiro, produzindo um microclima peculiar.
Este relevo obrigou a construção de terraços para plantar as vinhas, criando uma paisagem que ainda hoje impressiona. Os romanos, que também cultivaram vinha nesta zona privilegiada, diziam que estes vinhos eram “ouro líquido do Sil”. As castas utilizadas são quase as mesmas de Valdeorras, embora a diferença climática e geográfica produza vinhos muito diferenciados.
Leve para casa os vinhos do Caminho
Ao experimentar estes vinhos, você certamente vai querer levar algumas garrafas, para partilhar em casa, com a sua família e amigos. Mas certamente carregá-los na mochila não é uma ideia muito boa, tanto pelo peso quanto pelo risco de quebra. Dá pra imaginar todas as suas roupas e outros materiais encharcados e cheirando a vinho? Não parece uma boa opção!
Evitar este desgosto – e a limpeza posterior – é muito fácil, basta levar suas garrafas a uma das agências dos Correios ao longo do percurso e contratar um Paq Peregrino: nós as enviaremos para Santiago até você chegar, ou para onde você nos indicar (já pensou em enviar um presente do Caminho para alguém especial?).
Se encontrar os vinhos que pretende comprar numa das nossas Lojas Amigas, as coisas ficam ainda mais fáceis, pois pode enviá-los a partir dali mesmo, graças às embalagens certificadas que temos em cada uma delas.
Arriba, abajo, al centro… ¡y Buen Camino!
* Versão para o Português: Bia Leis – Buen Camino Assessoria Personalizada
ACORDO DE COOPERAÇÃO MÚTUA COM OS CORREOS DE ESPAÑA
Fonte: Camino con Correos
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