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SETA AMARELA: SINALIZAÇÃO NO CAMINHO DE SANTIAGO

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pessoas caminhando na direção indicada pela seta amarela pintada em uma pedra

Se o Caminho de Santiago é atualmente muito mais que uma romântica história medieval, grande parte deste feito se deve a uma das figuras mais influentes desta via de peregrinação: Elías Valiña Sampedro.

Defensor e promotor incansável da Rota Jacobina, este homem tornou possível a transformação de uma tradição milenar, quase esquecida, no fenômeno de massa que conhecemos hoje.

Foi ele quem, não apenas idealizou, mas pintou as primeiras setas amarelas – um dos símbolos internacionais do Caminho de Santiago – que ajudaram a promover o renascimento da peregrinação na década de 1980.

 

Padre Valiña: um sonho convertido em Caminho

busto do padre Valiña ao lado da igreja de O Cebreiro

 

Elías Valiña Sampedro – conhecido pároco de O Cebreiro desde 1959 – nasceu na aldeia de Mundín, freguesia de Santa María de Lier (Sarria, Lugo), em 1929.

Licenciado em Direito Canônico pela Universidad Pontificia de Comillas e doutorado pela Universidad Pontificia de Salamanca nos anos 60 com a tese “O Caminho de Santiago. Estudo histórico-jurídico”, Elias Valiña era um apaixonado estudioso da Rota Jacobina, com amplo conhecimento de sua história e patrimônio artístico e cultural.

Em 1971 com a inauguração do Museu Etnográfico, concluiu a restauração do Hospital e Santuário de Santa María del Cebreiro e da própria vila, que passou a ter agua corrente e eletricidade.

igreja de pedra com céu azil e galhos de uma árvore

Ao receber muitas reclamações dos poucos peregrinos que ainda seguiam pelo Caminho de Santiago e frequentemente se perdiam, em 1984, após um minucioso estudo, ele decidiu empreender a sinalização do Caminho de Santiago com setas amarelas – a bordo de seu velho Citroën GS – desde Roncesvalles, nos Pirineus, até Santiago de Compostela, demarcando pessoalmente, junto ao sobrinho José, todo o Caminho Francês.

imagem antiga em branco e preto com três pessoas conversando ao lado de um carro e em frente a uma igreja

Conta seu sobrinho que um dia nos Pirineus, enquanto pintavam as setas, guardas civis queriam deter o tio após interroga-lo. Ele havia respondido (como um autêntico visionário) que era apenas um padre que estava ali preparando uma invasão... Tudo foi esclarecido quando explicou que se tratava de uma invasão de peregrinos!

Padre Valiña era um homem dedicado à melhoria do Caminho para futuros peregrinos. Setas amarelas foram pintadas em calçadas, casas, igrejas, muros, cercas e árvores, num trabalho que foi considerado a demarcação mais confiável do traçado original do itinerário medieval e que recuperou vários trechos que haviam se perdido.

Em território galego, ele ainda realizou vários trabalhos de limpeza e balizamento das distâncias em quilômetros.

Durante a demarcação cada detalhe, cada curva e cada desnível foi anotado e o material gerado serviu de subsídio à publicação do livro “El Camino de Santiago. Guia do Peregrino”, em 1982, sob encomenda da Secretaria Geral de Turismo.

Em 1985, como Comissário Coordenador do Caminho, promoveu a criação da maioria das associações jacobinas espanholas e dirigiu o Boletim do Caminho de Santiago.

Antes de morrer, em 1989, aos 60 anos, padre Valiña deixou sua família encarregada de manter a sinalização do Caminho, trabalho que ainda desempenham num esforço coletivo junto às associações voluntárias do Caminho de Santiago e às administrações públicas.

 

A seta amarela

seta amarela pintada sobre parede de pedra

 

Entre todos os indicadores do Caminho de Santiago, a seta amarela é a mais importante, pois o trajeto é integralmente marcado com este símbolo que guia o peregrino durante toda sua jornada.

José – sobrinho do padre Valiña que o acompanhou durante todo o trabalho de demarcação do Caminho Francês – nega a lenda de que a escolha da cor amarela seja um simples acaso ocasionado pela doação de restos de tinta por empresas que faziam a manutenção em estradas e afirma que foi encarregado pelo tio de escolher a cor. "O amarelo foi escolhido simplesmente porque era a cor que eu gostava, poderia - perfeitamente - ter sido o verde!"

Coerente com a essência da Rota Jacobina e ao espírito do pároco, a “flecha amarilla” se firmou como uma marca austera e despretensiosa, indicador padrão em todas as rotas jacobinas na Espanha e o sinal mais seguro para os peregrinos seguirem com a tranquilidade de que estão na direção certa.

 

Outros sinais

casal ao lado de uma sinalização do Caminho de Santiago

 

Além da seta amarela existem os chamados “mojones” – pequenos postes de concreto, normalmente com uma concha de vieira, a seta amarela indicando a direção e os quilômetros que restam para chegar a Santiago.

Algumas comunidades e províncias tem sinalização estilizadas com as mais diferentes formas, desenhos e materiais.

Também é comum encontrarmos marcações provisórias, feitas com pedras ou galhos de árvore por peregrinos que encontram problemas com a sinalização existente.

camnho sinalizado com a seta amarela e dois traços horizontais um branco e outro vermelho

Em território francês há outra sinalização – que marca os Caminhos de Grand Randonnée (GR) – constituída por dois traços paralelos, um vermelho e um branco.

Ao peregrino inexperiente, especialmente nos primeiros dias e em bifurcações, fica a dica: tanto nas trilhas quanto nas grandes cidades, procure os sinais, eles estão lá!

placa de pedra em homenagem a elias valiña

O renascimento das grandes peregrinações a Santiago de Compostela que vem ocorrendo desde as últimas duas décadas do século XX devem muito à admirável dedicação do “cura” de O Cebreiro à revitalização e promoção do Caminho. Aqueles que conviveram com ele garantem que não o fazia por simples fascinação pela história ou paixão pela restauração, dizem que ele tinha um propósito maior, pois entendia o itinerário de peregrinação como meio de conversão da dimensão espiritual da vida dos seres humanos.

Padre Elías Valiña Sampedro seguirá sempre presente no Caminho de Santiago e mais vivo do que nunca no coração agradecido de todos os peregrinos que caminham rumo à Compostela.

 

MAIS SOBRE: O CAMINHO DE SANTIAGO COMO MEIO DE AUTOCONHECIMENTO

 

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