“THE WAY” a continuação precisava ser feita, comoveu muita gente!
"Não se escolhe uma vida, vive-se uma"
Em novembro de 2010, Emilio Estévez e Martin Sheen, estiveram em Santiago de Compostela para assistir à estreia do filme "The Way".
“The Way”, o filme mais famoso sobre o Caminho de Santiago de Compostela, realizado pelo ator e diretor Emilio Estévez, com o seu pai, Martin Sheen, como protagonista, regressou em maio de 2023 aos cinemas norte-americanos e pôde ser (re)visto em mais de 800 salas de todo o país.
A reprise é um marco e tanto para um filme com mais de dez anos, uma segunda vida que vai se estender ainda mais com a filmagem de uma sequência.
Nesta entrevista Estévez fala sobre a importância de “The Way” em sua vida e a necessidade da continuação. Explica ainda que neste momento deveria estar em Santiago de Compostela para a pré-produção do longa-metragem, mas que ficou nos EUA para apoiar a promoção do regresso de The Way ao grande ecrã.
Martin Sheen também estrela a segunda parte do filme, que será rodado no outono.
Assista o trailer e saiba mais sobre o filme que dará origem à série: The Way
... e confira abaixo a entrevista completa!
— Então haverá uma segunda parte?
— Demoramos um pouco, mas finalmente podemos começar a pensar na segunda parte de “The Way” como uma realidade. Já faz muito tempo, mas a reestreia da primeira parte este ano ajudou a gerar mais interesse no Caminho de Santiago e na história de Tom, então no final eu sei como concluir a história da continuação. Estou contando com a volta para a Espanha e espero que no segundo semestre possamos começar a filmar. A sequência se passa na Nigéria, Bruxelas, Dublin, Amsterdã e ao longo do Caminho do Norte. É um filme mais internacional, mas o destino ainda é o Caminho, e é lá que se passa boa parte do filme.
— Você terá seu pai novamente como protagonista?
— Não há a menor possibilidade de fazer a segunda parte sem Martin Sheen! [risos]. A história começa com seu personagem, Tom, trabalhando na Nigéria para os Médicos Sem Fronteiras. Ele se dedica a realizar operações de catarata em um vilarejo remoto. Estão praticamente isolados, sem internet, acessíveis apenas de avião. Chega às suas mãos um livro escrito por um irlandês, Jack, no qual lê informações que o levam a deixar a Nigéria, para encontrar o escritor na Irlanda e descobrir as respostas às questões que o livro levanta. E essas perguntas os levam a Amsterdã e à Espanha. É uma extensão da viagem, é uma nova celebração do Caminho de Santiago e uma história emocionante que me permitirá filmar em Espanha, que acredito ser a minha missão.
— Será lançado em 2024?
— Seria perfeito se pudesse ser lançado na Semana Santa. Podemos começar a pré-produção no verão e filmar no outono. As peças estão começando a se encaixar, o financiamento está começando a se encaixar, mas o roteiro está pronto e estamos montando todo esse quebra-cabeça com muito cuidado.
— Não há dois sem três, diz o ditado. Você está pensando em uma trilogia?
—[risos] Exatamente. Depois das reações que o primeiro filme gerou, percebi que esta era uma jornada que não havia terminado. Há tantos caminhos, não só na Espanha. Em todo o mundo há pessoas que peregrinam. Esta história dá para vários filmes, embora também pudesse ser uma série de televisão.
— Você deve ter ouvido mil histórias desde "The Way".
— Tem sido incrível. Recebemos muitas mensagens, comentários nas redes sociais. O meu pai recebe cartas todos os dias, cartas de pessoas que lhe dizem que o Caminho mudou as suas vidas, que o filme as levou a fazê-lo. Não sei se no que me resta de minha vida poderei fazer outro filme que comova tantas pessoas da mesma forma. Você e eu conversamos sobre tudo isso anos atrás, e você sabe muito bem que esse não era o propósito inicial. Havía tantas as dificuldades a ultrapassar... Agora, o filme transformou a vida de tantas pessoas, primeiro ao vê-lo e depois fazendo-as ver que não é um lugar fictício, que existe de verdade, que o Caminho é real. São tantas as pessoas que nos agradeceram. A razão pela qual tivemos que fazer a segunda parte, são todas aquelas pessoas que ficaram entusiasmadas com “The Way”. Principalmente depois da pandemia, período que levou muitas pessoas a refletirem sobre o que estavam fazendo da vida. Principalmente neste país, onde não sabemos administrar bem o luto e o luto por tantas pessoas que morreram durante a pandemia. Este filme celebra a ideia de que o luto, poder dedicar a ele seu tempo, saber enfrentar as perdas, é algo muito necessário para continuar vivendo.
"A inteligência artificial não pode recriar o Caminho"
A reestreia de “The Way” será, de certa forma, um prólogo para sua sequência. "É exatamente isso, diz Estévez. Trata-se da descoberta do Caminho a uma nova geração de jovens, que após a pandemia se questiona sobre o sentido de suas vidas. Por que dedico tanto tempo a um trabalho que odeio? Por que não estou aproveitando a vida? E acredito que muitos norte-americanos perceberam como os europeus vêm administrando isso há séculos, pessoas que não priorizam o trabalho diante da vida, mas o contrário. E tem sido muito difícil para eles entenderem que a vida e a família são mais importantes que o trabalho".
— Como resultado do filme, seu pai e você publicaram um livro conjunto de memórias, no qual seu pai diz que que é preciso cair no caminho, porque uma busca no Google nunca será a mesma experiência. Algo que ressoa de maneira especial no debate sobre inteligência artificial.
— Desafio a inteligência artificial a recriar um pôr-do-sol na Galícia. Desafio-a a conseguir imitar a experiência de terminar o Caminho no Obradoiro, em frente à Catedral. Desafio-a a tentar recriar qualquer uma das experiências que marcam a peregrinação. Fracassaria.
— Outro debate é a gestão do turismo de massa nas cidades históricas. Já aconteceu em Veneza, está acontecendo em Santiago. Como você acha que o equilíbrio necessário pode ser alcançado?
— Acho que essa é a pergunta mais importante que devemos nos fazer. Em uma cidade histórica, onde chegam os influenciadores do Instagram só para tirar a foto... Você tem que pensar em todas aquelas pessoas que te precederam, São Francisco de Assis, os reis e rainhas ou pessoas comuns. Você tem que ganhar isso. Você o desonra se apenas tirar uma foto para o Instagram e deixar seu lixo na beira do caminho. Você tem que encontrar o equilíbrio, mas não sei qual é a resposta. O Caminho está aí para todos, está aí há mil anos e, se Deus quiser, estará lá por outros mil. Mas é muito difícil fazer com que todos se comportem de uma maneira que estejamos o honrando e preservando. Eu até vejo pessoas se comportando de maneira não civilizada no meu próprio bairro! E nem sempre são os turistas, são também as pessoas que vivem aqui. Como alcançamos esse equilíbrio? Não sei, mas é o mais importante
Entrevista originalmente publicada: La Voz de Galicia
Versão para o Português: Bia Leis - Caminho de Santiago
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